29 de março de 2024 06:21

Empreendimento turistico na região vai impulsionar a economia e gerar mais de 600 empregos

Vila Galé Collection Ouro Preto deverá ser inaugurado no final de 2024; presidente da rede fala ainda em produção de vinhos e azeites

Foi um evento ligeiro regado a comidas e vinhos de Portugal. Na capela do antigo Colégio Dom Bosco, no distrito de Cachoeira do Campo, Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé, revelou o motivo que o fez escolher Ouro Preto como local para a primeira unidade da rede em Minas: “Eu gostei demais da cidade, que só conhecia de fotografias. Esse local do colégio tem muito espaço, é uma obra de arte. É impossível um turista não gostar de Ouro Preto, de Mariana”, disse. Estavam ao seu lado dois importantes articuladores da vinda da Vila Galé para o Estado, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, e o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo.

Para uma plateia formada por membros da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), representantes dos salesianos e autoridades locais, Rebelo assinou o protocolo de intenções com o governo do Estado que oficializa a criação do hotel. Como divulgou o portal O Tempo em abril, o contrato que adquire a propriedade por comodato por 60 anos já havia sido assinado com o salesianos no dia 31 de março. Rebelo destacou que o hotel terá memoriais dedicados à PMMG – ali funcionou de até 1775 o 1º  Regimento Regular de Cavalaria de Minas, onde serviu o Alferes Tiradentes e que daria origem ao primeiro Batalhão de Polícia do país – e aos salesianos – o colégio foi desativado em 2013.

Conversão de patrimônios

Em um telão, um vídeo exibia imagens antes e depois de monumentos históricos revitalizados e transformados em hotéis da marca Collection, a mais esclusiva da rede, nas cidades de Arcos e Braga, em Portugal, e no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. “Vamos fazer o que mais nos dá prazer: a conversão de patrimônios históricos. Mas é algo sofrido, difícil”, reconheceu Rebelo. Ele afirmou que a rede apenas aguarda a aprovação do projeto pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) para dar o start às obras, provavelmente em outubro. A abertura está prevista para dezembro de 2024. No momento, os salesianos estão executando obras de reparação dos telhados para garantir a preservação da edificação no período das chuvas.

Antes de chegar a Ouro Preto, os convidados precisaram enfrentar quilômetros de paralisação na BR-356, por conta das obras no trecho entre os KMs 38 e 41, que vai da ponte da lagoa das Codornas até o trevo da Polícia Rodoviária. Uma alternativa é o desvio de 4 km construído pela Vale na  mesma BR, em Nova Lima. A previsão é que esse desvio permaneça ativo e as obras terminem somente em 2027.  Segundo Rabelo, uma das exigências do protocolo assinado é que o governo do Estado melhore o acesso à cidade histórica. Ele, no entanto, não vê justificativa para construção de um aeroporto em Ouro Preto. “Não precisa de aeroporto, não tem racionalidade nem volume de turistas. Confins nos atende perfeitamente”, disse.

Hotel e vinhedo

O novo hotel terá 182 quartos em uma primeira etapa e mais 46 em uma segunda, dois restaurantes, parque para crianças, spa e sete salas de eventos. “Minas é um dos mercados mais fortes da Vila Galé”, enfatizou Rebelo.  Ele brincou ainda que se Minas não tem mar, vai ter piscinas e um lago grande, com chalés ao lado. A rede aposta fortemente nas famílias, hoje o principal foco nos resorts do Nordeste e no litoral do Rio. “Fomos os primeiros a democratizar os preços dos resorts. Crianças até 4 anos não pagam. Duas crianças até 12 anos, no mesmo apartamentos do pais, também não”, disse. Rebelo ainda destacou que vai honrar as tradições do salesianos e investir na contratação e capacitação de mão-de-obra local. Os investimentos da ordem de R$ 80 milhões devem gerar, segundo ele, 120 empregos diretos e 600 indiretos.

O presidente da Vila Galé – o grupo produz os vinhos e azeites da marca Santa Vitória no Vale do Douro, no norte de Portugal – salientou que não descarta utilizar a região de Ouro Preto como campo de experiências para plantação de uvas, em uma parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “O clima é bom para o vinho. O Brasil também adora os nossos azeites”, destacou. Sobre a cachoeira que dá nome ao distrito e está localizada dentro da propriedade, ele garantiu que dos 400 hectares do terreno só utilizará 195 hectares para o hotel. Perguntado sobre a instalação de uma segunda unidade da rede em Inhotim, em Brumadinho – o destino também foi visitado por Rebelo em novembro do ano passado –, ele afirmou que “as negociações estão travadas, que não tem proposta”.

Hotel nasceu em Lisboa

As negociações da vinda da Vila Galé para Minas Gerais começaram em novembro de 2021, quando uma comitiva do governo de Minas, encabeçada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e com presença da agência Invest Minas, participou da Convenção dos Municípios Brasileiros, com apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), para promover os atrativos turísticos de Minas e participar de rodadas de negócios, recordou o secretário Leônidas Oliveira. Na época, um convite foi feito aos diretores da Vila Galé para visitarem o Estado. Em novembro do ano passado, Jorge Rebelo veio pessoalmente conhecer Ouro Preto e Inhotim. “A sugestão do Colégio Dom Bosco teria surgido de uma conversa informal com Mateus Simões (hoje vice-governador)”, conta Bárbara Botega, na época assessora estratégica para Negócios em Turismo da Invest Minas.

Oliveira também lembrou que esse é um momento histórico, porque há mais de 40 anos Minas Gerais não recebia um empreendimento próprio de uma bandeira internacional. “É um marco para turismo mineiro, porque além de gerar emprego e renda, vai preservar a memória da Polícia MIlitar e dos salesianos. Com esse resort da Vila Galé, teremos a oportunidade de internacionalizar Minas”, salientou. E destacou que o “poder de sedução” de Ângelo Osvaldo contribuiu muito para a decisão de Rebelo. O prefeito de Ouro Preto afirmou que o prédio do Bom Bosco já estava vocacionado para a Vila Galé, porque tem um brasão português entalhado pelo mestre Aleijadinho na fachada, “O impacto será grande para o município de Ouro Preto. Esse investimento de R$ 80 milhões deverá se multiplicar nos próximos anos”.

Educação e inclusão

Representante dos salesianos à solenidade, o padre Moacir Scari, ecônomo inspetorial, destacou que, dentro do planejamento estratégico da congregação, um dos objetivos é rentabilizar os ativos e educar a juventude. Ele enfatizou que está apostando na Vila Galé para manter viva essa missão. “É difícil manter um patrimônio histórico preservado sem boas parcerias. Queremos que essa parceria dê um novo significado ao Dom Bosco e traga impacto social, por meio da educação, para a comunidade”, afirmou. Mais do que um centro turístico, acrescentou o padre, que o empreendimento da Vila Galé seja um centro educativo para promover a inclusão social da juventude de Cachoeira do Campo.

FONTE O TEMPO

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