25 de abril de 2024 20:40

Poluição ameaça capacidade reprodutiva humana e pode levar à redução do pênis

Estudiosa acredita que exposição a produto utilizado em plásticos e cosméticos prejudica a saúde reprodutiva

A poluição e o contato com algumas substâncias químicas liberadas por produtos industriais à base de plástico são uma ameaça à capacidade de reprodução humana. Essa é a premissa do livro “Count Down: How Our Modern World Is Threatening Sperm Counts, Altering Male and Female Reproductive Development, and Imperiling the Future of the Human” (“Contagem regressiva: como o mundo moderno está ameaçando as contagens de esperma, alterando o desenvolvimento reprodutivo masculino e feminino e ameaçando o futuro da raça humana”, em tradução livre), lançado no mês passado e que gerou um grande manancial de memes nas redes sociais. Isso porque, além da previsão assustadora sobre como a poluição provocaria um número maior de abortos espontâneos e levaria à redução do número de espermatozoides, a médica Shanna H. Swan, autora da publicação, indicou que a poluição também pode provocar a redução do tamanho médio do pênis. 

Embora as constatações da professora de medicina ambiental e saúde pública na Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, em Nova York, tenham virado motivo de piada nas redes sociais, Shanna garante que não está brincando e que fala a partir de uma sólida pesquisa científica. “Meu objetivo com o (lançamento do) livro é alcançar o maior número possível de pessoas e chamar atenção delas para a crise na saúde reprodutiva, bem como mostrar como produtos químicos em nosso meio ambiente e o estilo de vida estão impulsionando esse fenômeno”, disse ela em entrevista à revista norte-americana “Health”. 

Segundo a pesquisadora, o problema começa no útero, e os grandes vilões da saúde reprodutiva são os ftalatos, substâncias capazes de tornar plásticos rígidos em plásticos maleáveis e que é utilizado em brinquedos, detergentes, esmaltes de unha e sabonetes, por exemplo. “Quando uma mulher grávida tem concentrações corporais mais altas de substâncias químicas como ftalatos, que reduzem os níveis de testosterona, o desenvolvimento dos órgãos genitais de seu bebê é prejudicado”, explicou ela na publicação. 

Em 2005, estudos conduzidos pela estudiosa já apontavam para o problema de desenvolvimento genital acarretado pela chamada “síndrome de ftalatos”. À época, ela acompanhou 85 mulheres que estavam grávidas e que apresentavam altas concentrações da substância em seus corpos. A conclusão foi de que o produto estava interferindo no desenvolvimento sexual pré-natal masculino, comprometendo o desenvolvimento do pênis e aumentando os riscos de a descida testicular ocorrer de forma incompleta.  

Anteriormente, experimentos em roedores também indicavam que o composto químico poderia provocar alterações na produção de testosterona durante a gestação. Nesses casos, os animais afetados pela síndrome tendiam a apresentar defeitos genitais de nascença, infertilidade e câncer nos testículos. 

Dúvida. A comunidade científica parece convencida de que os apontamentos de Shanna não devem ser ignorados. Contudo, especialistas advertem que mais pesquisas devem ser desenvolvidas a fim de confirmar ou refutar a tese. “Os estudos certamente levantam uma preocupação significativa, mas precisamos de investigações melhores para determinar o que realmente está acontecendo e por quê”, examinou o urologista Joshua A. Halpern, da Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University, em Illinois, em entrevista à “Health”. Ele acrescentou que a metodologia utilizada por Shanna não é perfeita e destacou ser complicada a comparação da contagem de espermatozoides em grupos distintos de homens ao longo do tempo. 

Fertilidade 

Shanna H. Swan sustenta que, no mundo ocidental, é reconhecido o fenômeno do “efeito de 1%”. Segundo essa teoria, os problemas reprodutivos nos homens aumentam a uma taxa de cerca de 1% ao ano, o que inclui a diminuição dos níveis de testosterona e da contagem de espermatozoides. As mulheres também são afetadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas de aborto espontâneo parecem se ampliar na mesma proporção. 

A estudiosa classifica essa progressiva crise reprodutiva como alarmante. Mas ela reforça que não só a poluição explica o problema. “Essas mudanças são impulsionadas por uma combinação de escolhas inadequadas de estilo de vida e centenas de produtos químicos aos quais as pessoas são expostas diariamente”, disse Shanna à “Health”. 

O que fazer

A médica Shanna H. Swan acredita que, em nível individual, ações podem reduzir as chances de ocorrência da síndrome. Uma das estratégias é trocar os recipientes de plástico por aqueles de vidro, cerâmica ou metal para o armazenamento de alimentos e de bebidas. A recomendação vale, sobretudo, para mulheres grávidas e casais que pretendem ter filhos. Mas o conselho se estende não apenas para essas pessoas. Idealmente, alguns cientistas defendem a regulação governamental de substâncias que comprometem o sistema endócrino, de forma que a exposição a elas seja reduzida. 

Por fim, para aqueles que pretendem gerar uma criança, vale lembrar que dieta saudável, atividades físicas e exercícios que propiciem o alívio do estresse são recomendados.

FONTE O TEMPO

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