25 de abril de 2024 10:48

Lafaiete vive “epidemia” de cesarianas e só uma a cada três crianças nascem de parto normal

Dados fornecidos pelo Hospital Queluz, referência em obstetrícia em Lafaiete, mostram que a cidade vive uma epidemia de cesarianas. As informações são ainda mais preocupantes, uma vez que a porcentagem de crianças que vem ao mundo por intervenção cirúrgica é cada vez maior e já ultrapassa os 70%.

Do total de nascimentos registrados na unidade de saúde, durante o ano de 2016, 67% se deram por parto normal. O índice foi ainda maior em 2017, quando chegou a marca de 70%. O cenário não mudou em 2018, quando o hospital registrou 73% cesarianas e parece que não será revertido nesse ano, já que nos quatro primeiros meses, as cesarianas já respondem por R$ 72,2 % dos partos.

Fonte: Hospital Queluz

Os números de Lafaiete são, absurdamente, superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece em até 15% a proporção de cesáreas. O índice também supera a media nacional, cujo percentual chega a 57%, ocupando o segundo lugar no mundo em número de cesarianas.
Especialistas afirmam que a cesariana ajuda a salvar vidas, como nos casos em que há risco de hemorragia ou quando a placenta está obstruindo a saída do útero, por exemplo. Quando a mulher opta pela cesariana por fatores como medo ou dor, a médica aponta que programas de preparo para o parto e a indicação de medicamentos podem ajudar. O treinamento para o enfrentamento dos medos e da insegurança ajuda a evitar a indicação da cesárea sem real necessidade.

Muita gente desconhece que a via de nascimento deve ser uma opção da mulher e da família, e não uma imposição médica, a menos que haja fatores de risco no parto natural. O Unicef ressalta que cada semana a mais de gestação, até a 42ª, aumenta as chances de a criança nascer saudável.
Apesar de considerar a cesariana um avanço da medicina que ajuda a salvar vidas, o que se observa é que há uma epidemia dessas cirurgias.

Sensibilização

Fonte: Hospital Queluz

O Unicef afirma que os direitos da criança começam antes mesmo do nascimento. Para tanto, é fundamental que as mulheres tenham acesso ao pré-natal de qualidade e recebam todas as orientações para que seus filhos possam nascer no momento certo e de forma humanizada.

Já a Organização Mundial da Saúde publicou novas recomendações sobre padrões de tratamento e cuidados relacionados às grávidas, com o intuito de reduzir intervenções médicas desnecessárias.

Com o objetivo de aumentar a diferença de cesarianas em favor do parto normal e evitar partos cirúrgicos desnecessários, o Ministério da Saúde criou um sistema de monitoramento on-line para acompanhar a quantidade de cesáreas feitas no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde março de 2018, ele pode ser acompanhado por gestores e usuários do SUS, por meio do site da Secretaria de Vigilância em Saúde.

Na contramão

Apesar de todo o trabalho de especialistas da área para conscientizar em relação ao parto normal, já existe um projeto de lei que vai na contramão desse esforço. Apresentado no Legislativo paulista a proposta determina que gestantes do SUS possam optar por cesárea, mesmo sem indicação médica. O projeto de lei de Janaina Paschoal (PSL) tem gerado discussão e se tornou uma polêmica, que pode, inclusive, contaminar assembleias legislativas de outros estados.

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