20 de abril de 2024 13:32

Garimpando – Uma Rua Encantada Muito Especial – 2

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                      avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Anunciei uma coisa muito importante para este artigo e, além disso, falei que as mãos de Francisco Carneiro eram abençoadas. O importante:2016-09-13-photo-00000005

O importante é esta pedra que está na foto. Uma amostra de pedra confeccionada pelos índios carijós, sendo a mostrada acima feita pelo nosso índio carijó Francisco Carneiro. É rara de se encontrar. Eu mesma tinha uma dessas pedras, mas, com o tempo, por mais que eu cuidasse dela com ciúme, um dia desapareceu. Fiquei sempre com uma frustração de tê-la perdido. Eu sabia que a Rua Carijós tinha esse nome porque nas proximidades morara um índio carijó. Há algum tempo, resolvi procurar vestígios do índio, porque achava impossível uma figura tão importante de nossa história ser praticamente desconhecida nos dias de hoje. E não é que consegui êxito em minha busca?

            E ainda, por uma gentileza muito grande do genro do Sr. Francisco Carneiro, Sr. Antônio Tavares, e do neto do índio, Sr. Antônio Carlos Tavares, para os quais coloco aqui os meus agradecimentos, tive a oportunidade de rever uma remanescente da pedra, ciosamente guardada por eles, e de fotografá-la. E agora estou compartilhando-a com os leitores.

            Por que mãos abençoadas de Chico Carneiro? Posso garantir isso porque vivenciei os benefícios dessa pedra, e muitas vezes.

            Quando eu era menina, minha mãe foi mordida, no seio, por uma aranha caranguejeira, aquelas grandes, que estava escondida em sua roupa. Nós morávamos no Lavapés e, naquele tempo, em minha rua havia poucas casas. Em volta de nossa casa, pastos e terrenos cheios de mato. Por isso encontrávamos sempre aranhas dentro de casa.

            Minha mãe ficou em estado grave, parte do seio totalmente preta. Ela não melhorava com o tratamento. Foi quando levaram lá em casa uma pedra do índio carijó Foi mergulhada em uma vasilha com leite e depois colocada em cima do local da mordida. No mesmo instante a pedra agarrou-se firmemente na pele que, com a passagem dos dias, foi, pouco a pouco, clareando. Depois de algum tempo, talvez dias, não me lembro quantos, a pedra caiu. Ela só desagarrava quando todo o veneno tivesse sido sugado. Minha mãe estava curada.

            Lembro-me de que a pedra foi colocada de novo no leite e, passado algum tempo, o veneno já tinha passado todo para o leite e a pedra ficou guardada para ser usada outra vez. E foi muito usada. Alguns dos meus filhos experimentaram o seu poder curativo. Soube também de várias outras pessoas que usaram a pedra e ficaram curadas, inclusive um neto do índio.

De acordo com a Wikipedia, na “arte de cura, os carijós estavam bem adiante dos demais nativos”. O arquiteto, urbanista e historiador Lúcio Costa disse que os Carijós vieram da Amazônia. Traços delicados, temperamento brando, eram os mais mansos numa escala de agressividade das tribos e tinham relação amigável com os homens brancos, sendo as mulheres as mais belas da gentilidade.
Em 1549, Nóbrega, na “Informação das Partes do Brasil”, dizia serem eles vistos como um “gentio melhor”, e os cronistas coloniais, em seus registros, escrevem que, na chegada dos portugueses ao Brasil, “os carijós foram apresentados como um reconhecimento feliz”. As primeiras impressões decorrentes do contato inicial entre europeus e gentio os mostram como índios “dóceis, bondosos e bonitos”.
Aníbal de Almeida Fernandes estima que, na época do Achamento do Brasil, havia de 500.000 a 1 milhão de indígenas, sendo os dois maiores grupos os Carijós e os Tupinambás, ambos com cerca de 100.000 indígenas.

                                                                                  (Continua)

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