19 de abril de 2024 09:43

Garimpando – Meu colégio abençoado 3

                                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                      avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

O jornal era de ótima qualidade, o papel branquinho

e era bem grande.

         Uma das atividades que mais me fascinavam era escrever no “CENTELHAS DE NAZARÉ”, excelente jornal que Irmã Maria Camila Marques, naquele tempo minha professora de Português e, com a graça de Deus, continuou com nossa classe nessa disciplina até o final do 2º Grau. Ela o dirigia com maestria. A foto abaixo não dá visão muito perfeita porque o exemplar está bem velho, alterado pelo tempo.

            O jornal era de ótima qualidade, o papel branquinho e era bem grande.

            Além de um bom editorial, havia a publicação de artigos, contos e poesias dos alunos. Noticiário bem redigido e rico de detalhes, quadros de Honra ao Mérito, piadas, informações diversas, curiosidades, fotos, algumas transcrições, enfim, sabia “dar o seu recado”.

Abaixo está a cópia completa do artigo que escrevi no  “Centelhas de Nazaré” em agosto de 1952, colocado acima, com o titulo de Meritória Obra de Caridade:

            Entre os problemas do Brasil atual destaca-se, carecendo de uma solução urgente e satisfatória, a questão da infância desamparada. E, justamente nos primeiros anos de sua vida, o homem mais necessita de quem o oriente e ampare, para que se processe normalmente o desenvolvimento de suas faculdades físicas e espirituais.

            Entretanto, que vemos em nosso país, pelas ruas de nossas cidades, à porta de nossas casas: Seres, no tenro desabrochar da vida, perdidos por esse mundo afora, sem o amparo de um lar, enfraquecidos pela miséria e envelhecidos pela ausência de formação espiritual.

            Quanta tristeza e revolta no semblante dessas crianças abandonadas à margem da vida, pressentindo em seu semelhante um inimigo que as despreza e estigmatiza! Quantas virtualidades abafadas nos pequeninos seres que, desabrochadas adornariam os futuros homens em potencial! E a sociedade, muitas vezes, assiste enleada ao divertido teatro da vida, sem atentar para os infelizes que sofrem por detrás dos bastidores, mendigando um pouco de afeto e compreensão. Felizmente, nem tudo está perdido. Muitas almas de eleição, compenetradas da magnanimidade do assunto, procuram remediar a situação. Apresentou-se-nos, há pouco tempo, oportunidade de admirarmos um caso confortador, que teve por cenário a nossa querida Lafaiete. O Revmo. Pe. Marcelino Braglia, dando expansão à sua generosidade, doou uma casa residencial às órfãs do Colégio Orfanato “Nossa Senhora de Nazaré, em escritura passada a 3 de abril do corrente ano, Havendo já, anteriormente, feito várias doações em dinheiro, o abnegado sacerdote vem concorrendo grandemente para a felicidade e o conforto de crianças desamparadas que, no Orfanato “Nossa Senhora de Nazaré”, encontram mais que um abrigo : um lar! As orfãzinhas, contemplemo-las quando passam descuidadas: não se assemelham às plantas que vegetam em clima úmido, solitárias e sombrias: nem se resolvem numa tristeza mórbida como sói acontecer às crianças cedo destituidas do aconchego familiar. Não! Nada disso. Brincam e sorriem como crianças normais. Olhemos seus rostinhos – reflexos de corações puros, cheios de piedade – e apossar-nos-á a sensação de um jardim florido, onde cada flor rivaliza com as outras em fragrância e vivacidade. São alegres! São felizes! Parte dessa alegria, parte dessa felicidade devem-Ia, é certo, ao Revmo. Pe. Marcelino Braglia. sacerdote de Cristo na extensão da palavra, coração desinteressado e nobre, praticante fiel da verdadeira caridade em Deus. Com que carinho não pronunciam as órfãs o nome de seu benfeitor. quantos agradecimentos inflamados não devem povoar suas alminhas !

            Entretanto, não só elas albergam no peito o calor e a ternura da gratidão.

Todos os homens de compreensão, cientes do ato virtuoso que redunda em benefício para toda a coletividade, curvam-se ante o mérito da obra e murmuram comovidos:

            – Obrigado, Pe. Marcelino!

                                                Avelina Maria Noronha

                                                   3.° ano de Formação.

                                                           (Continua)

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